Perante a indignação generalizada dos professores face à não contagem de todo o tempo de serviço e a compromissos assumidos e não cumpridos pelo Governo, o Ministério da Educação ao invés de retomar o diálogo e a negociação, opta pela confrontação e a retaliação.
Recorrendo a uma interpretação subversiva da lei da greve e a ameaças de injustificação de ausências, o Ministério da Educação promove a obstrução do direito à greve quando devia ser o primeiro a respeitá-lo, ao mesmo tempo que fomenta o assédio e o medo quando se exigia que fosse o garante da afirmação dos direitos, liberdades e garantias e um incentivador da participação cívica dos professores na defesa e dinamização da Escola pública democrática e inclusiva.
A postura do Ministério da Educação é inadmissível porque persiste na ilegalidade para prolongar o conflito e condenável porque com esta atitude está a desrespeitar os professores e a instabilizar as escolas.
Como o tempo se encarregou de provar o problema de fundo não tem que ver com a falta de dinheiro, mas com as opções do Governo. Se dúvidas subsistissem ficavam dissipadas com o anúncio da entrega de 1.700 milhões de euros, no próximo ano, aos fundos de Resolução Nacional e Europeu do sector financeiro, valor que acresce aos mais de 17 mil milhões de euros pagos pelos portugueses à banca privada.
A solução do actual conflito não passa por atitudes autoritárias e arrogantes do Governo, mas por uma negociação séria e construtiva, susceptível de definir uma saída que os professores merecem, a comunidade escolar precisa e o país reclama.
Neste sentido, reafirmamos a solidariedade à luta dos professores e às suas organizações representativas, em especial aos sindicados da FENPROF filiados na CGTP-IN, com a convicção que mais cedo que tarde a força da sua razão se sobreporá à força do poder autista e arrogante e “à palavra, que depois de dada não é honrada”.