Carta Aberta - Pic-nic Contra a Precariedade

 Durante a iniciativa realizada no último Sábado, um grande Pic Nic contra a Precariedade que reuniu muitos jovens em Luta, na defesa do emprego com direitos, foi apresentada uma Carta Aberta, redigida pelas quatro Organizações promotoras da iniciativa.
Esta Carta foi lida e aprovada pelos jovens presentes e apresenta-se como uma tomada de posição onde dizemos que não aceitamos a perda de direitos, as inevitabilidades e sacrifícios que nos são impostos, onde dizemos que temos o direito a lutar e a ser felizes, que queremos "Tomar nas nossas mãos os destinos das nossas vidas".

 


 

Carta Aberta


Pic-Nic contra a Precariedade

Tomemos nas nossas mãos os destinos das nossas vidas!



Nós jovens, somos confrontados com situações de desemprego, contratos laborais precários (trabalho temporário, contratos a termo, falsos recibos verdes, bolsas de investigação, estágios) instabilidade laboral, baixos salários, pressões excessivas por parte das entidades patronais, perda de direitos e más condições de trabalho.


A precariedade atinge hoje milhares pessoas em Portugal. A degradação sucessiva das condições laborais é, um factor de regressão na economia e no desenvolvimento do nosso país e lança-nos para uma sociedade menos justa e solidária. A consecutiva fragilização contratual dos trabalhadores é um flagelo que afecta não só o trabalhador individualmente, mas também toda a sociedade e põe em causa o desenvolvimento e progresso do país. A precariedade fere a dignidade dos jovens e não lhes permite planear e encarar o seu futuro com optimismo. Estas situações são em parte provocadas pelo aumento da exploração e pela procura constante de maior lucro dos grandes grupos económicos.


A juventude, com a sua luta, já muito conquistou. Tem conseguido vitórias e resistido à retirada de direitos, tem dado um sinal inequívoco da sua vontade de participar e ajudar a construir uma solução para os problemas que tanto nos afectam.


Somos jovens trabalhadores e reconhecemos que é urgente uma mudança qualitativa, recusamos que nos imponham viver num país condenado às injustiças, que desperdiça as nossas capacidades, recusamos viver na frustração de não conseguir ver realizadas as nossas aspirações de trabalho, vida pessoal e familiar e que cada vez mais nos encaminha para a procura de outras soluções fora do País.


Portugal tem os recursos necessários para inverter a espiral em que se encontra e que passará obrigatoriamente pela valorização da pessoa que trabalha. Dos mais jovens aos mais velhos, nunca Portugal teve tantas pessoas tão bem preparadas e qualificadas. Nunca foi tão óbvio que o País tem condições para sair da situação em que se encontra, desde que respeite, proteja e defenda quem nele vive.


O Pic-Nic contra a precariedade, realizado em Lisboa a 9 de Julho de 2011, demonstrou ao longo do seu dia com debate, convívio e momentos culturais, uma grande disponibilidade para a luta e apresentou uma mensagem de esperança, confiança, determinação e empenho para construir um país mais justo e mais solidário.

Cada um de nós tem um papel fundamental na sua transformação pessoal e colectiva e por isso batemo-nos pela concretização de algumas medidas:
- Substituição das bolsas no trabalho de investigação por contratos de trabalho;
- Transformação dos falsos recibos verdes em contratos de trabalho;
- Passagem a efectivos de todos os trabalhadores contratados que exercem funções de carácter permanente;
- Respeito por horários de trabalho que permitam com saúde a conciliação da vida profissional, familiar e social;
- Promoção de aumentos reais dos salários e a reposição imediata do salário mínimo nacional para os 500 euros;
- Criação e gestão por parte do Estado de fogos habitacionais com rendas de custos controlados;
- Promoção do direito à educação, à saúde, à cultura e ao desporto.

Enquanto jovens que somos tudo faremos para informar, esclarecer, mobilizar para agir e intervir, assim conseguiremos fazer a diferença, convictos dos valores em que acreditamos, na certeza de ultrapassar as graves dificuldades actuais que nos impõem e assim construir um futuro mais promissor para todos!

O nosso destino está nas nossas mãos! É este o nosso compromisso, um compromisso que honra gerações e gerações de trabalhadores, jovens, mulheres e homens, de tantos e tantas que em diferentes momentos da história impulsionaram a mudança.

A situação actual não é inevitável, existe outro caminho. Reafirmamos, com convicção, que é possível e viável outro modelo de desenvolvimento mais justo, que vise a dignidade da pessoa e não o lucro, que combata as desigualdades, que ponha fim ao desemprego; à precariedade; aos baixos salários; à destruição dos direitos laborais, da contratação colectiva e aos entraves à emancipação dos jovens, como por exemplo as dificuldades para a aquisição de habitação.

Continuaremos esta luta nas empresas, ruas e todos os outros locais, mesmo naqueles em que, à partida, nos pareça ser impossível! Uma luta para a qual temos de trazer cada vez mais gente! Não passaremos ao lado da história, assumiremos nas nossas próprias mãos o nosso presente e o futuro de todos!