Uma delegação da CGTP-IN composta por Fernando Ambrioso, do Conselho Nacional e Fernando Maurício, do Departamento Internacional, participou no dia 20 de Outubro de 2012, na 23ª Assembleia da Paz, do Conselho Português para a Paz e Cooperação e na Conferência que o CPPC realizou sob o tema “ Reforçar o movimento da paz em tempo de crise”. Em anexo o texto da intervenção da CGTP-IN na Conferência.
Conferência “Reforço do Movimento da Paz em Tempo de Crise”
Intervenção da CGTP – IN
Caros Amigos,
O mundo atravessa a mais grave crise económica e social desde a II Grande Guerra. O grande capital, as suas instituições – troikas do FMI, UE, BCE e os governos a ele submetidos – tentam fazer pagar aos trabalhadores e aos povos o preço da sua profunda crise, lançando uma ofensiva sem precedentes contra as suas conquistas e direitos económicos, sociais e cívicos, aumentando a exploração dos trabalhadores e camadas populares, aplicando sucessivas e brutais medidas de austeridade, enquanto intensificam os seus escandalosos lucros, numa lógica de preservação do sistema capitalista de exploração. A União Europeia é um espaço onde estas receitas de exploração se acentuam, como sentimos na pele no nosso país.
Este violento ataque aos direitos dos povos é indissociável do acelerado aumento da agressividade das grandes potências imperialistas, lideradas pelos EUA, envolvendo vários aliados europeus e a NATO, traduzida em conflitos, ingerências, bloqueios, ocupações e agressões militares, num quadro de uma persistente ofensiva contra as soberanias nacionais, rapina dos recursos naturais e domínio geoestratégico. São os casos da Palestina, Iraque, Líbano, Síria, Irão, Afeganistão, Líbia ou do Sahara Ocidental e de vários países noutros continentes, como Cuba, vítima de um criminoso bloqueio.
A NATO,e o seu Novo Conceito Estratégico, promove e dirige uma crescente intervenção e ingerência em países soberanos, viola sistemática e continuadamente as normas do direito internacional. Como sabeis, a CGTP-IN considera que a existência da NATO não tem justificação e que a participação de Portugal neste bloco militar é contrária aos interesses do povo português e viola os princípios expressos na Constituição da República Portuguesa. Temos de prosseguir a luta pela sua dissolução, a bem da paz.
Caros Amigos, Companheiros,
A resistência e luta dos povos, por melhores condições de vida e por outra política, a rejeição das imposições e objectivos do imperialismo e do capital, a afirmação e exigência das mudanças necessárias para garantir um futuro de paz, de igualdade e de respeito e cooperação entre nações – são, neste contexto de violenta ofensiva imperialista, um factor decisivo para travar escalada de agressão e de rapina, mas também para abrir caminho a dinâmicas de transformação social, de paz, desenvolvimento e justiça social.
Amigas e Amigos,
A CGTP-IN sempre considerou e inclui nos seus objectivos e princípios a paz como condição essencial para o
desenvolvimento e o progresso económico, social e cultural da Humanidade e para uma mais justa distribuição da riqueza..
Defender e promover a paz exige um firme combate ao militarismo e à corrida armamentista. É vergonhoso, como recentemente declarámos publicamente, e uma afronta aos trabalhadores e aos povos, que se atribua um Prémio Nobel da Paz à UE, onde, para além da sua crescente militarização e transformação em pilar regional da NATO, participa e promove intervenções militares dentro e fora do seu espaço geográfico. E, despudoradamente, promove ao mesmo tempo, políticas anti sociais e anti laborais que conduzem a uma brutal recessão, destruição de direitos, desemprego, precariedade, pobreza e exclusão social.
Amigas e Amigos,
A CGTP-IN reconhece o Conselho Português para a Paz e Cooperação como a organização de âmbito nacional que, de forma mais persistente, determinada e coerente tem mobilizado a sociedade portuguesa, desde há longas décadas, para a luta contra a guerra e o militarismo, pela paz, a cooperação, solidariedade e amizade entre os povos.
O CPPC tem sido capaz de promover iniciativas próprias ou de congregar variadas organizações da sociedade portuguesa, dos mais diversos quadrantes, em torno de amplas plataformas de convergência que levam a cabo inúmeras e poderosas acções de protesto, denúncia e de combate pela paz, contra a guerra, o armamentismo e a defesa dos direitos dos povos. È também justo sublinhar o enorme prestígio granjeado pelo CPPC a nível internacional e, designadamente, a sua actividade enquanto activo membro do Conselho Mundial da Paz.
Companheiros,
O CPPC tem, além disso, desenvolvido uma activa e solidária participação nas acções de luta dos trabalhadores portugueses. A CGTP-IN saúda esse envolvimento solidário, essa consciência de que a luta pela paz é inseparável da luta pelos direitos laborais e sociais dos trabalhadores e do povo. Muitas e importantes batalhas se avizinham, porque a luta não vai parar, contra o programa de agressão que nos é imposto, contra a exploração e o empobrecimento, por um Portugal com futuro. A greve Geral de 14 de Novembro constituirá um dos pontos altos do nosso combate comum.
Amigos,
O reforço do movimento da Paz, a nível nacional e internacional é mais do que nunca necessário e urgente para enfrentar e derrotar a ofensiva de exploração e de agressividade contra os trabalhadores e os povos. A CGTP-IN e o CPPC firmaram um protocolo de cooperação que nos orgulha e que dá corpo a esta instante necessidade.
Aproveitamos para vos informar que nos dias 14 e 15 de Dezembro próximos a CGTP-IN promove em Lisboa uma Conferência Sindical Internacional de Solidariedade com os Trabalhadores e o Povo Palestiniano, para a qual
convidaremos o CPPC mas também outras organizações que no nosso país se envolvem na nobre luta pela paz, solidariedade e cooperação. E hoje mesmo está a caminho dos acampamentos Saharauis uma dirigente da CGTP-IN, que vai participar no Congresso da UGTSARIO, a central sindical Saharaui. Informamos ainda que em 2013 organizaremos, também em Lisboa, uma Conferência Sindical Internacional de Solidariedade com os Trabalhadores e o Povo de Cuba.
A todos os participantes nesta Conferência reiteramos o nosso compromisso de tudo fazer para o reforço de um vasto movimento de paz, solidariedade e cooperação que promova a nossa causa comum de luta pelos direitos e interesses dos trabalhadores e dos povos.
Lisboa, 20 de Outubro de 2012