Com as eleições na Colômbia a disputarem-se hoje (29 de Maio), a CGTP-IN subscreve, em conjunto com outras organizações sindicais, uma posição em defesa da democracia na Colômbia.
A Colômbia tem vivido nas últimas décadas uma política de intimidação, violenta repressão, assassinatos e massacres de sindicalistas, de militantes de forças políticas de esquerda, de ex-guerrilheiros, além de jovens. Depois das massivas mobilizações populares dos últimos tempos, cresce a esperança que as eleições deste fim de semana alterem o rumo do país, e garantam implementação dos Acordos de Paz e o fim à política cúmplice com o paramilitarismo e de perseguição de quem resiste e luta por uma Colômbia de Paz e progresso.
O texto subscrito:
Centenas de líderes sociais são assassinados na Colômbia todos os anos. A esta realidade acrescenta a pressão da oligarquia colombiana, que parece muito determinada afazer com que as eleições presidenciais não sejam realizadas com garantias democráticas suficientes. O medo da direita perder o poder que detém há décadas tornou-se mais do que evidente nas numerosas irregularidades que puderam ser observadas nas últimas eleições legislativas e nas primárias à presidência e nas eleições para eleger o chefe de Estado.
A abertura das urnas no fim de semana ocorrerá após a realizaão de massivos protestos que acontecem desde 2019 contra o governo do conservador Ivan Duque (acusado, entre outros, do uso excessivo da violência policial e militar para reprimir essas manifestações, bem como ligações ao narcotráfico e ao crime organizado) que violou sistematicamente os Acordos de Paz com as FARC, assinados em Havana em 2016 e em que a opção esquerdista que representa o Pacto Histórico possa tomar o poder no país.
Os números das repressões falam por si: 83 assassinatos, 96 vítimas de violência ocular, 35 vítimas de violência sexual, 1.661 vítimas de violência física e 2.053 detenções arbitrárias contra os manifestantes durante a greve nacional. Até agora, em 2022, 59 líderes e 17 ex-combatentes das FARC e signatários dos acordos de paz foram assassinados.
Há muitos relatos que indicam que o dia eleitoral e pré-eleitoral pode ser truncado. Não seria de estranhar, como dissemos, num país onde, durante muitos anos, os assassinatos de líderes sociais, de ex-combatentes reintegrados à vida civil, de camponeses e indígenas, de jovens e mulheres têm sido uma constante, onde a ameaças de morte contra dirigentes sindicais revelam a perseguição por parte daqueles que eles pretendem restringir e impedir a mobilização social e o protesto por meio da repressão, intimidação, medo e terror, redobram a aposta autocrática e antidemocrática que pretende impedir o acesso ao poder à força política que, segundo as pesquisas, é a favorita do povo Colombiano.
Esta situação política e social, que segundo numerosas organizações internacionais parecem ser apoiadas quando não induzida diretamente por um executivo, que aposta em uma estratégia de guerra contra uma Colômbia que merece, luta e anseia avançar para um cenário de paz e democracia.
As organizações signatárias, comprometidas com a liberdade, a democracia e o progresso da classe operária dos povos, apelaram às instituições internacionais para observar com especial atenção o desenvolvimento desta última parte da campanha eleitoral e colocar todos os meios à sua disposição para garantir que tanto este como o próprio processo eleitoral mesmo se realize nas condições de segurança e garantias democráticas que devem presidir sempre estas jornadas.
A comunidade internacional não pode, em caso algum, permitir que a exercício democrático de um povo seja submetido a pressões sob a forma de balas ou decretos que impedem o seu desenvolvimento natural.
SIGNATÁRIOS: UGT (Espanha), LAB (Euskal Herria), CUT (Brasil), CGT (Argentina), CTA Autónoma (Argentina), CTA de los Trabajadores (Argentina), CUT (Chile), PIT-CNT (Uruguai), UNT (México), CGIL (Itália), UGT (Portugal), CISL (Itália) LAB Euskal Herria, CUT (Galiza), CIG (Galiza), CUT (Aragon), CSI (Astúrias), Intersindical Valenciana, Intersindical Catalana, Intersindical Canaria, SAT (Andaluzia), OSTA (Aragon), CGTP (Portugal), CGTP (Peru), CTC (Cuba), CTB (Brasil), CBST (Venezuela), CST-JBE (Nicarágua), FAT (Panamá), CCOO (Espanha), UGT SARIO (Saara), Unidad Classista (Brasil)